quarta-feira, 23 de março de 2011

Gerações Românticas

Gerações poéticas
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Questão 1

 (PUC-SP)

Oh! ter vinte anos sem gozar de leve
A ventura de uma alma de donzela!
E sem na vida ter sentido nunca
Na suave atração de um róseo corpo
Meus olhos turvos se fechar de gozo!
Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas
Passam tantas visões sobre meu peito!
Palor de febre meu semblante cobre,
Bate meu coração com tanto fogo!
Um doce nome os lábios meus suspiram,
Um nome de mulher... e vejo lânguida
No véu suave de amorosas sombras
Seminua, abatida, a mão no seio,
Perfumada visão romper a nuvem,
Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras
O alento fresco e leve como a vida
Passar delicioso... Que delírios!
Acordo palpitante... inda a procuro;
Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas
Banham meus olhos, e suspiro e gemo...
Imploro uma ilusão... tudo é silêncio!
Só o leito deserto, a sala muda!
Amorosa visão, mulher dos sonhos,
Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto!
Nunca virás iluminar meu peito
Com um raio de luz desses teus olhos?


Os versos acima integram a obra Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo. Da leitura deles podemos depreender que o poema:

(A) ilustra a dificuldade de conciliar a idéia de amor com a de posse física.

(B) manisfesta o desejo de amar e a realização amorosa se dá concretamente em imagens de sonho.
(C) concilia sonho e realidade e ambos se alimentam da presença sensual da mulher amada.
(D) espiritualiza a mulher e a apresenta em recatado pudor sob “véu suave de amorosas sombras”.
(E) revela sentimento de frustração provocado pelo medo de amar e pela recusa doentia e deliberada à entrega amorosa.

Questão 2
ADORMECIDA

Ses longs cheveux épars Ia couvrent tout entière
La croix de son collier repose dans sa main,
Comme pour témoigner qu'elle a fait sa priere.
Et qu'elle va Ia faire en s'éveillant demain.

A. de Musset

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos - beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despertada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
Virgem! - tu és a flor da minha vida!..."
                                                                
                                  São Paulo, novembro de 1868. Castro Alves. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1986, p. 124-125. x


Considerando as fases da poesia romântica bra­sileira, é correto afirmar que o poema apresenta uma

a) atmosfera de erotismo, manifestada pelos encan­tos da mulher.
 b) atitude de culpa, devido à violação do ambiente celestial.
 c) negação do ato amoroso, devido ao clima de so­nho predominante.
 d) tematização da natureza, manifestada na imagem da flor.
 e) exaltação amorosa típica da poesia “mal do século”

GABARITO:

01 - A
02 - A

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